quinta-feira, 28 de junho de 2012

Sessão 6 - Confissão

Eu sou toda razão, mas eu não queria ser assim.

Sessão 5 - Dá um trocado p'eu comprar um guaraná, tia.

Eram dois meninos. Deviam ter uns 13 anos... Eles olharam pra mim, estavam comendo um pão francês. Quero dizer, os dois estavam dividindo o pão. Um deles falou "ô tia, me dá um trocado aí, p'eu comprar um refrigerante?" Mas eu não tinha o dinheiro. E mesmo quando eu tenho, algumas vezes eu não dou, simplesmente porque estou apressada ou porque quero comprar alguma coisa com aquele dinheiro. Mas aqueles dois me doeram tanto... Então eu voltei para casa chorando, eu chorei como um bebê. Chorei por aquelas vidas, chorei pelas vidas que têm uma vida como aquela, chorei por nós, que não fazemos nada ou não podemos fazer nada, chorei por mim. Eu chorei tanto por causa daquilo que fiquei de ressaca. E a pior ressaca que existe é a tal da ressaca moral. Tá me doendo até agora... E nem parece que vai passar. 

domingo, 10 de junho de 2012

Sessão 3 - De pouquinho e pouquinho.

Sempre me achei um pouquinho. Um pouquinho doce, um pouquinho legal, um pouquinho feliz, um pouquinho chata, um pouquinho irritante, um pouquinho inteligente, um pouquinho triste, um pouquinho desligada, um pouquinho nerd, um pouquinho solta, um pouquinho atenta, um pouquinho engraçada, um pouquinho grossa, um pouquinho séria, um pouquinho de cada coisa. Nada em mim, na minha opinião, é exagerado, sou toda contida. E eu não vejo problema com os meus pouquinhos, os meus pedacinhos... Porque você sabe, de grão em grão é que a galinha enche o papo. De pouquinho e pouquinho é que eu me faço. 

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Sessão 2 - Eu, ET.

Quando eu era pequena eu pensava que eu era de outro planeta. Sem brincadeirinhas. Eu achava mesmo. Eu simplesmente não me via como um ser humano, eu era igual a eles na constituição física, mas eu não poderia ser um deles, bem, pelo menos era isso que eu pensava. Afinal, eu não poderia acreditar que eu comeria o fruto proibido no Jardim do Éden... Era inadmissível pensar que eu mataria alguém por um bem material, eu também não poderia ser um grande gênio e descobrir a cura do câncer, isso era algo para os humanos e eu não era um deles. Talvez por isso eu tenha sido uma criança tão estranha, eu me sentia estranha. Ainda me sinto. Me perceber um ser humano me machuca, imaginar que eu estou suscetível aos mesmos erros, podridões, me ver como uma pessoa mesquinha e, por vezes, desagradável, foi uma dor sem tamanho. Foi uma das maiores que jamais senti: Eu era um ser humano. Como qualquer outro. Então, eu percebi. É a dor que nos faz humanos, é uma visão pessimista, eu sei, mas isso é um divã, certo? E é assim que eu me sinto. Como ser humano, a dor me definiu... E não é ela que define a todos nós? Não é ela que nos muda? Que faz do mais forte, um fraco. Do mais doce, um muro. Da mais bonita, a mais feia. Da mais acabada, a forte. A dor foi o que me definiu como ser humano. A dor de ser humana.Talvez por isso eu ache que ela é o que define a todos nós... Ou talvez porque realmente seja.

Primeira Sessão.

Esse blog tem uma única função: Suprir o divã que me foi tirado por cortes nos custos. Foi uma questão de prioridade - Como tudo na vida - ou eu pagava a internet ou eu pagava ao psicanalista. Terminei aqui, com um manuscrito... Um diário... Alguma coisa do gênero, não tenho nenhuma pretensão de ser engraçada, sequer divertida... Só quero terapia de graça e não existe nada mais terapeutico que um blog... Pelo menos foi o que me disseram.