sexta-feira, 1 de junho de 2012

Sessão 2 - Eu, ET.

Quando eu era pequena eu pensava que eu era de outro planeta. Sem brincadeirinhas. Eu achava mesmo. Eu simplesmente não me via como um ser humano, eu era igual a eles na constituição física, mas eu não poderia ser um deles, bem, pelo menos era isso que eu pensava. Afinal, eu não poderia acreditar que eu comeria o fruto proibido no Jardim do Éden... Era inadmissível pensar que eu mataria alguém por um bem material, eu também não poderia ser um grande gênio e descobrir a cura do câncer, isso era algo para os humanos e eu não era um deles. Talvez por isso eu tenha sido uma criança tão estranha, eu me sentia estranha. Ainda me sinto. Me perceber um ser humano me machuca, imaginar que eu estou suscetível aos mesmos erros, podridões, me ver como uma pessoa mesquinha e, por vezes, desagradável, foi uma dor sem tamanho. Foi uma das maiores que jamais senti: Eu era um ser humano. Como qualquer outro. Então, eu percebi. É a dor que nos faz humanos, é uma visão pessimista, eu sei, mas isso é um divã, certo? E é assim que eu me sinto. Como ser humano, a dor me definiu... E não é ela que define a todos nós? Não é ela que nos muda? Que faz do mais forte, um fraco. Do mais doce, um muro. Da mais bonita, a mais feia. Da mais acabada, a forte. A dor foi o que me definiu como ser humano. A dor de ser humana.Talvez por isso eu ache que ela é o que define a todos nós... Ou talvez porque realmente seja.

2 comentários:

  1. amei. amei. amei.
    concordo em todos os sentidos! Na verdade, acho que mais do que a dor em si, o que nos define é como lidamos com ela.
    continua mari, continua.
    xurula

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  2. Acho que a dor está dentro do ser humano, já faz parte da gente. O que muda é como vamos lidar com ela, e isso é o que forma o seu caráter, sua definição de ser humano.

    Esperando pela próxima sessão, M
    xo

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