A primeira vez que me apaixonei na vida foi por um livro. Eu vivi o amor, a beleza das coisas simples, os sonhos, a imaginação e a alegria nas páginas de um livro. Não que antes eu não conhecesse essas coisas, mas eu só passei a vivê-las pelos livros. Uma das razões de eu gostar de comprar livros novos é essa: gosto de pensar que serei o primeiro o amor de cada um dos meus livros, como eles foram (e sempre serão) os meus. E quando eu os leio, eu escrevo outra história junto com eles, a minha. Eu sempre vou lembrar de quando eu perdi a magia e, então, li Harry Potter. Do dia que chorei a noite toda porque Em e Chris nunca ficariam juntos para sempre, quando eu vi minha vida de cabeça para baixo e Mario Quintana sussurrou no meu ouvido palavras doces como o mel, o quanto que Clarice Lispector me ensinou sobre mim mesma, do dia que o marido da minha prima morreu e Fazendo Meu Filme chegou em minhas me tirando do mundo naquele momento, porque eu não conseguia lidar com a perda. Os livros são os meus melhores amigos, eles me ensinam, me acolhem, me abraçam e, onde quer que eu vá, estão comigo, me ensinando como ser alguém melhor, me mostrando quem eu sou, me deixando ter muitas vidas, mais vidas que um gato, mais vidas do que eu jamais esperei ter. É certo que algumas vezes, algumas pessoas pensam que eu vivo tanto através de livros que esqueço de viver a minha vida, estão erradas. Eu não faço isso. Porque minha vida se completa quando tenho um livro na mão, se entrelaçando e se misturando com as histórias. Meus Livros guardam segredos, guardam histórias, guardam momentos, guardam cheiros, sabores, minhas anotações, meus devaneios, guardam a mim. E outro tipo de livro que eu adoro é aquele dos sebos, com dedicatórias de alguém que eu não conheço para alguém que eu nunca vou conhecer. Esses me deixam ser parte da história que eu nunca conheceria, se não fosse por eles. Os livros mudaram o meu mundo e me salvaram. Porque é para isso que a Literatura existe, se não for muita megalomania da minha parte, pra me salvar de mim mesma.
Lindo. Realmente o mundo dos livros é fascinante, hoje terminei de ler um dos casos neurológicos de um livro meu, que falava sobre um médico com uma síndrome que dá um monte de tiques, e eu me envolvi tanto com aquilo, com o fato de como várias pessoas convivem com essa doença, e como será que eu lidaria com ela?
ResponderExcluirJá na ficção minha última lembrança marcante com certeza é o fim de One Day! Como assim? Eu simplesmente não podia acreditar, chorei muito também.
Ah Mari, amo seus textos, e os desse blog em especial me dão uma saudade de você :/
Maravilhoso! Um dia desses, num seminário de literatura da faculdade, uma moça comentou sobre o bem que é a literatura e disse que é uma forma de humanizar: primeiro nós mesmos, depois os outros. Pessoas que lêem costumam ter mais vidas mesmo, mais que gatos. Pessoas que lêem costumam ter muita história pra contar: a de sua vida e a das vidas que viveu nos livros. Pessoas que lêem costumam ter muita experiência dessas muitas vidas. Pessoas que lêem são especiais. Muitas o são assim como você... Assim tão especial, pra ter um divã tão especial e desabafos tão especiais...
ResponderExcluirFaço as minhas palavras as da Bah! Sério, acho que todo mundo que ama ler vai achar esse texto tão foda quanto eu achei. Quem não lê e critica, seja de brincadeira ou não, quem o faz, não sabe o quanto está sendo estúpido. Não conhece aquela sensação única de comprar um livro, sentar no canto do seu quarto, deslizar o dedo sobre a capa, de ler com ansiedade a orelha, sentindo aquela expectativa antes de começar uma história nova, que pode sim, mudar sua vida, como A Menina Que Roubava Livros, As Ondas e Senhora mudaram a minha. Então quando alguém diz que eu leio demais, que eu passo tempo demais com algo material, me dá vontade apenas de ri e me dá realmente muita pena, de uma pessoa que nunca vai conhecer um mundo tão perfeito quanto este: o mundo literário!
ResponderExcluirLindo o que você escreveu, Angel, é por essas e outras que eu te amo cada dia mais <3